segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Saudades

Longe daqui tem lugar que eu vi,
que eu já vivi mas eu não vivo mais.
Longe daqui tem esse porto, um cais,
onde pra sempre eu já vivi em paz.
Aonde tem onda e não bate mar,
pudera um dia eu voltar pra lá.
Longe daqui tem um lugar.

Tão belo? nem sei se acham tanto assim.
Pra mim é belo, e não é só pra mim.
Onde eu vivi mas eu não vivo mais,
onde um dia eu fui feliz rapaz.

Longe daqui tem um lugar em paz,
que eu já vivi mas não vi porto ou cais.
Onde feliz pra sempre eu sei que fui
nesse lugar que a calma sempre flui.
Pudera um dia eu voltar pra lá,
e nem me faz falta lá não ter um mar,
lá tem aquilo que me faz feliz mesmo não sendo o que o outro me diz.

Lá não tem isso que eu vivi aqui,
não tem nem porto ou cais que eu já vi.
No meu lugar tem o que eu quero: Paz
e no meu peito é onde eu quero mais.
Pudera um dia eu voltar pra lá,
feliz pra sempre mais uma vez ser.
Aos que maldizem esse meu lugar
eu digo: tem que ver pra crer.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Calendário

1.
Se eu disser você vai responder que é desespero, que é mentira. Ah vai desmentir minha verdade. Vou ser sincero e você não vai acreditar... Um dia desses eu pensei em você, e era uma segunda-feira, mas outro dia eu pensei em você e era uma terça-feira, Outros dias também acabei pensando em você, e quando me dei conta já tinha somado todos os dias do calendário de mulher pelada.
2.
Mas se eu disser você não acredita. Vai falar que é mentira, vai dizer que to inventando... Outro dia resolvi fingir que você (e quem mais poderia ser?) estava comigo. Frase gay que ganha de piegas e (naturalmente) clichê. Mas foi o que aconteceu outro dia.
E eu fiz planos
3.
Tinha uma casa(pequena), que cabia você, eu e uma filha (pequena). Numa vida despretensiosa e calminha (pequena). E sabe pequena, às vezes os sonhos pequenos bem que são grandes. Tinha um carro (pequeno) pra levar a menina na escola e ela, pequena, tava na primeira série. Eu (ou você, porque alternávamos os dias de levar a pequena na escola) voltava pra casa pequena pra viver pequenos sonhos.
Mas a verdade é que o tempo que tínhamos sozinhos era pequeno (que nem a vida), mas a cama (pequena) abrigava dois corpos (às vezes três, porque a menina tinha medo de escuro) que só se separavam pelo corpo (mas não sempre, ah, não sempre).
4.
(Vou dizer que caí da cama?)Ah, não, caí na real. Num longe tão grande, numa espera tão grande, num sonho tão grande, eu vi que o que eu tinha era que esperar um tempo que eu tento encurtar fazendo versos clichês de "eu te amo", mas eu te amo. Longe, longe, distante, eu amo. Grandes sonhos mas inda amo.
5.
Eu to na beira do penhasco. Se você disser "vai" eu vou. Se você disser"vai", já era. Eu não vou dizer nada (que às vezes eu sou orgulhoso) mas você dizer "vem" vai me fazer cair. Mas eu vou meu bem, espera...

sábado, 12 de setembro de 2009

Viver deveria bastar

Ah, se tu soubesses como dói viver!
Se a treva ao longe (meu redor) te achasse
ias compreender qmeu desejo de morrer,
pegar-ia a faca e ia estirpar-se.

Ah, se tu soubesses como dói viver!
(Viver também é ter a dor do que não há vivido).
Sentir-se ia desfalecer
e ver-ia que, também, só viver, ja é perigo.

Mas só me vês e não me entendes!
Como me dói a dor de só viver!
Não julgo por aquilo que não sentes,
mas cala-te e observa ao meu morrer.

Me calo, mudo, caio num caixão
da já madeira alva que pedi.
Buraco fundo, caio mão em mão.
E sei que já não mais vivo, eu já morri.

Imploro assim que nem jamais me entenda,
que tudo que sei, já tanto me fez sofrer.
E eu fui feliz pra cova feliz que tu vivêsses
e não que, tal qual eu, soubesse como dói viver.

Casa fechada

Às vezes aqui em casa, quando eu acordo está tudo trancado (Feito uma metáfora). Eles me trancam aqui, não porque querem, mas porque se esquecem que tem alguém aqui. Nessas horas, é como se não tivesse. Quando eu acordo e as portas estão trancadas, é como se não tivesse ninguém em casa.

Um poema que ninguém vai entender o que eu estou pensando

...Acordo,
me visto.
Trabalho,
como,
me dispo.
Durmo...

O japonês

Pior o japonês aqui do meu lado fazendo elegias reclamosas ao celular, antes falasse portugês, só fala japonês... Peguei o 175 que ia pela orla e o ônibus lotado parecia uma jaula de malucos. Eu ja estava puto com tudo por causa do calor insuportável e do espreme-espreme que o transporte público pedia. Nem sabia porque diabos fui acordar num apê bagunçado perto da praia da barra, nunca fui de ir pra barra.
Uma menina que estava em pé desmaiou do meu lado. "Acode, Acode!", "Pára o ônibus", "dá água pra ela", tudo parecia mecânico. O motorista não parou e ficaram chamando ele de filho da puta. Eu mesmo achei que fosse fingição da menina, porque já tinha sentado ela e lhe dado de água pra beber a essa altura do campeonato.
Depois achei escrotice minha achar isso, porque ela bem que podia mesmo estar passando mal, já que no ônibus abafado fazia um calor do caralho.
E o japonês não calava a boca, indiferente ao desmaio que nem eu. Mas fiquei achando escrotice da minha parte e da parte dele, sei lá, vai ver ela estava mesmo passando mal.

sábado, 1 de agosto de 2009

Fim de ano

Passa mais um ano, eu ainda consegui estar vivo, mas não tão vivo assim, já que quase tudo me mata e eu nunca fui muito bom em viver. É noite de domingo, logo após uma festa cansativa de aniversário com todas aquelas coisas ridícular cheias de animação desnecessária e fugar com recheio de desejos de 'muitos anos de vida', como se isso fosse algo bom. A casa está vazia, só tem eu e o meu ego, cansado da festa e do silêncio. O Ego pede pra eu ligar a TV e eu instantaneamente obedeço, não tenho pretensões...
O Jô está conversando com alguma banda de rap, mas isso não faz o menor sentido, e quando eles começam a cantar eu me levanto e olho pela janela. Nada disso presta. Os carros passam três andares mais abaixo, e acima, talvez um avião, quem sabe. À noite não são tão fáceis de ver. O gato me olha com aquela cara de compreensão e eu fico encarando.
- La vida és dura. Citando um trecho de um bom filme.
E o gato mia pra mim, como se dissesse 'eu sei'. Ninguém sabe de nada. Nada disso presta. O sanduíche que eu tinha me disposto a fazer antes da festa estava na mesa ao lado e eu pego um. Horrível. Talvez por isso os convidados tenham saído tão cedo.
Imagino que a meu momento deprê pode estar relacionado com o fato de que a banda de rap definitivamente não fez uma obra admirável e decido mudar de TV. Cinquenta canais de porcaria e eu ainda pago quase cinquenta reais por mês. Nada disso presta. E lá se foi mais um aniversário. Mais um aniversário vazio de sentido, de poesia ou de paciência.
Numa insistência pela minha sanidade mudo de canal mais uma vez. Nada presta. Não sei que canal era, mas a cena se enquadrava perfeitamente com minha casa, e nada disso fazia sentido, quando me aproximei pra olhar melhor, vi um morto, mudando os canais. Ele se apoxima da tela e diz um 'olá' mudo.
Que final triste, ligo a TV em fim de outro ano e vejo a minha morte. Fim? Fim.

sábado, 13 de junho de 2009

Com que beijo?

De mágoa, morto, ferido a espada, poço. Ela me diz o que eu sei, me diz que tem raiva de saber o que eu vivo. Eu acordo e sei o que é que vou viver, e tenho raiva é de saber que ainda vivo.

- Oi, você está aí? Ela me pergunta.
Pergunta a mim, eu que desejei por toda a vida saber a resposta.
- Porque você não me responde?
Que pressa é essa? ah, que pressa? o mundo não vai acabar amanhã, o mundo é nosso e o tempo do mundo só conspira, nós dois flutuamos nessa bolha do tempo, como se pra gente, ele não passasse. Nós dois, a bolha, e o tempo. Que tempo? Alguém ja entendeu pra poder dar nome a isso que passa, que eu não sinto, não cheiro, mas que choro todos os dias?
- Eu te amo.
Quem sabe um dia eu inda tenha dela, minha, essas palavras.
De mágoa de morto, de ferido, tive arrancada do peito aquilo que chamei de liberdade, a liberdade que eu já toquei um dia, que eu sinto o cheiro quando vou embora. Eu sei que o tempo existe porque já senti, em outro tempo, o cheiro da liberdade, o toque da liberdade, a liberdade, liberdade, ah, liberdade...
- Você está aí?
E eu queria saber. E eu estava? Não estava. Quando morreu a liberdade, morreu tudo. Quando morreu a liberdade, morri todo. E se me morre a liberdade,me morre o tempo, e eu já nem sei onde estou.
- E o nosso tempo,inda virá? Ela pergunta (ou eu acho que ela me pergunta?)
Virá, prometo, com meus beijos, com seus beijos. Beijos.

domingo, 7 de junho de 2009

Poema lésbico

Ela é minha,
eu sou dela.
Eu sou ela
tralálá...

Arco-íris,
amo ela.
Sou por ela
vou me casar

Somos elas
eu e ela
Branca de neve e Cinderela
Jantar à luz de vela e duas donzelas
Somos nós, ela, e vamos casar

Desgraçado

Minha poesia é só tua.
Não temo à noite, frio, nem fome,
Mas sim desejo a carne crua
que minha, queime dissonante.

Sabes bem que a existência que tenho
limita-se a, veja só, ter te amado.
E agora derramo em mim a pálida desgraça
do que me tenho tornado (sem você), um desgraçado.

domingo, 24 de maio de 2009

Na(n)da

Quem é? Que foi?
Agora, nós ficamos pra depois.
Quem, nós?
Sim, nós dois.

O tempo me passou pra trás,
agora eu só, tenho ninguém.
Cade, onde que foi o meu olhar?
E a minha rosa de vintém?

Caí no buraco sem fundo,
lá a queda não acabou nunca.
Eu rezo pra chegar no fim,
eu choro por não ser assim,
como você me quis não pude ser.

sábado, 9 de maio de 2009

Me mata.

É, quem foi que te ensinou,
disse que não ia ser feliz.
Agora eu fico aqui, insistindo em ter nós dois

Ah, pois diga a quem lhe ensinou,
que há de ser triste só você.
Por querer quebrar corações,
sem nem amor algum viver.

Pois máta-me,
que sem amor não vivo,
nem sirvo pra nada,
nem rua e calçada,
nem morte matada.

Pois afoga-me!
me dê dor até que eu não aguente mais
coisa que hoje você inda me faz

Se você não está feliz e nem pode
(como eu poderia?)
se esforça pra ficar à própria sorte
(e quem não faz?)
Te dou em presente a minha morte.
(Eu fui)
Quem é que hoje inda não foi?

Essa casa

Planta essa casa comigo.
A nossa casa é também
muito mais que um abrigo,
que mil notas de cem.

Planta essa casa comigo
ela vai ser nossa e fim.
E nada mais vai faltar
que ela vai ser meu carin

No nosso jardim põe flores
pra cultivar coração,
planta uma rosa e nela
constroe todo um país, faz um altar.
Pra ficar mais que bonita
a casa que a gente plantar.

E caso um dia venha chuva
no nosso teto de riso,
que faça a gente feliz
e não que faça inimigo.

Planta essa casa comigo.
Você bem sabe o que quer
você não quer qualquer vida
e eu quero você, amor.

domingo, 26 de abril de 2009

Pro nome

Pro seu nome eu falo assim,
cabisbaixo e com carin.
Substancial,
obstante eu sou banal.
Há de se verbalizar
num artigo de jornal.
Pro seu nome ser assim
Ter posição social.

Pro seu nome eu sou amor,
locução de louco autor.
Adjunto eu trago a flor.
Substantemente eu penso
se a gente há de se juntar,
Pra a gente não se interditar,
o jeito é a gente se casar.

Pro seu nome eu dou uma flor.
Uma carta de pavor.
Todo, todo o meu calor,
com promessa de amor.

3 Etapas da vida

Ilusão,
salta aos olhos, beleza.
Triste de não ter-te:
Tristeza.
E agora?

Sonho,
eu herói, você princesa.
Não tem vilão,
não tem quinhão.
Você princesa, eu sofreguidão.
E agora?

Real,
eu toco tudo o que não quero.
Rosas tem espinho,
flores, chorinhos.
Morte, cachimbos.
(Se vale à pena perguntar,
e se de fato algo há,)
E agora?

Apaga o fogo da chama

Apaga o fogo da chama.
Fogo, fumaça.
Pobre chama...

Ao queimar que houver se dado.
Amor de fogo descomedido.
Pôr-se-há, enfim fumaça:
Tê-lo o tempo arruinado.

Passa o vento como ao tempo,
sempre inquieto e apressado.
E o amor que lhe foi lenha,
Também some incendiado.

Apaga o fogo da chama.
Põe-se a ,enfim, fumaça.
Tal qual fostes lenha um dia,
hoje então é só nevasca.

Há se o vento pra ventar.
Levar em sí a história.
De tão triste meu penar,
de hoje tão maldita glória.

Apaga o fogo da chama
e ela lá, queima sozinha.
(quem pode saber do futuro?)
Faz fumaça a alma minha.

Pobre opulento

De tua alma fulgura o parvo.
Mostras um saber pra tanto escasso.
Nada lhe disse e então não calo,
lhe afirmarei em tal prefácio.

A alma pocilga que tens
não lhe permite pensar adiante,
tens poucoespírito no corpo
e não te calas obstante!

Pior pra mim que sou o vate:
Tu, podre em dentro, é ostentado.
Eu, pobre de mim, que sou calado.

Condeno a tua nugacidade
tal qual outros não vêem em ti.
E ao invés de me pouparem,
preferem só calar a mi!

Peço silêncio a tal calúnia,
ao menos me deixem sonhar em paz.
Não fales mais, cale-se sempre,
pra não lançares teus venenos.

Matematical

Pão e circo,
Jaula e mico,
Casa e abrigo,
pobre - Rico.

Para o pobre hão de entreter.
Jaula contém Humano, pobre.
Casa pra ser feliz, abrigo - sobreviver
pobre do rico.
Enriquecer?

Pedra e pau,
Fogo em água,
Quente - frio,
Frio - Morna.

Pedra vá,
fogo em água, faz mudar.
Muda, é frio.
O calor vem pra mornar.

Pão e pau,
Jaula e água,
quente abrigo,
Frio = Rico

Quem vai nos salvar de nós mesmos?
Corre lá, encontre abrigo.

Me faz

Me faz, que ninguém me fez.
Nunca saí do papel que me desenhou.
Inda sou rabisco puro de escuro
de grafite que não fez o meu amor.

Me faz p'ra eu me deixar de ser rabisco.
Me faz que é pr'eu ter riso de verdade.
Que enquanto eu for, senhora, seu rabisco
jamais lhe cingirei reais vontades.

Me faz que eu já cansei de ser só sonho.
E teu, me faz pr'eu ser teu dono.
E ser, você comigo em braços ateus,
nós dois, um, pra eu me ser deus.

Feliz de dor

Que ante à dor da felicidade
aperceba-se que o sofrer tudo é.
O bom, o mau,
e o que te deixa de pé.

Sobre devaneio dado aos loucos,
que até os ricos se possam dar!
mais vale de verdade,
a vontade de pensar.

Ante à vida e rente à morte,
morra a vida e viva a dor!
Que é condenada tanto
e que porém merece amor

Viva o fim, pro fim de tudo se dar.
Viva o fim do mundo, que é pro mundo se acabar.
E que se faça treva e finde.
Fogo, queime, terra, esfinge.
Dar-se ao fim e, enfim, findar.
Pôr-se ao fundo ao se afundar.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

1.
Minha tristeza me consome cada vez mais e a cada dia eu fico mais triste também por saber que minha tristeza não é lírica como nos versos dos poemas que leio. Porque eu não descanso nem quando me entrego completamente à minha trsiteza. Preciso ser sozinho.
2.
Meu coração arrebata-se cada dia mais um pouco, fazendo com que eu me agarre à mais trsite alegria e faça dela meu maior desejo, de forma que já nem sei se posso confiar em mim quando digo amar a algo ou alguém;
3.
Justo quando eu tinha certeza de amar essa alma que se aproximou de mim desde que já não pertenço a onde vim, sonhei com aquela que há tempos foi o motivo da primeira tormenta do meu coração. Eu a amo e já não me resta mais dúvida alguma de que se eu existo, é justamente com o propósito de amá-la.
4.
Às vezes eu me sinto louco por dentro, entretanto não deixo que meu corpo grite por aquilo que minha alma anseia. De que adiantaria gritar seu nome e deixar ele se abafar pelo som da chuva e das ondas dessa maré alta? Ah, tempos difíceis, têm sido tempos difíceis pra mim esses últimos.
5.
Às vezes eu sonho que estou caindo. Acordo no chão do quarto. Mesmo depois desses dezessete anoseu ainda sou acriança que cái da cama e acorda chorando na madrugada. Ainda chamo mamãe quando o mundo desaba em volta de mim.

Passarinho

Ah, ta bom
que eu só sei ser sozinho.
Um pássaro no ninho
sem saber voar.

Ah, tudo bem
querer você comigo?
Te querer de abrigo e
não querer ser sozinho?

Sou pássaro sozinho
e que 'inda nem sei voar.
Não vou chegar.
Vou esperar,
me lamentar,
olhar pro mar,
ou te esperar.

Ah, ta bom
que eu só sei ser sozinho.
Mas faz em mim carinho?
Que é pr'eu saber voar.

Pra que te amar?!
Pra ser teu passarinho
e você me cuidar.
Que eu só, sozinho,
nem 'inda sei voar.

Sái

Sái daqui, não quero mais você
Você se põe a rir ao ver o meu sofrer.
fecha a porta agora,
quero que vá embora
e eu não te ver nunca mais
'inda vai ser cedo demais

Nunca me quis de verdade
Eu, sozinho numa cidade,
Eu te fazia ser feliz todos os dias

Do que adiantava? 
você só me maltratava
você que era malvada
e eu era o herói

Não diz que eu to mentindo
que eu 'inda nem estou rindo
se vá agora por favor
meu bem. 

domingo, 29 de março de 2009

1.
"Ah, se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios. Rompi com o mundo queimei meus navios, me diz pra onde é que 'inda posso ir". Porque você faz isso comigo? Não sabe que eu não existo sem a condição de estar com você? Não sabe que mesmo com você meu coração ja é atormentado? Ja pensou no que ele é capaz de fazer? Você pensou em mim?
- Ah, tudo bem, eu estava pensando a mesma coisa.
- Sério?
Não.
- Claro!
2.
"Não acho que estás te fazendo de tonta. Te dei meus olhos pra tomares conta, me conta agora como hei de partir." Eu via você em tudo e tentava viver recluso. Maldita condição humana! Eu odiava o amor e cada dia que passava eu morria um pouco. Você me fez muita falta. Ainda faz. Você ja pensou em mim?
3.
Num segundo, teu no meu. 'Noutro segundo eu só. Eu quis? Não quis, você quis. Um segundo, eu, você. 'Noutro segundo o final feliz? Eu quis. Você quis? Eu quis. Adeus. Os teus. E abraços? Teus braços em laços. Amassos? Não, um maço. Num segundo, eu teu. 'Noutro segundo eu infeliz.

Às meninas de botecos alheios

Não me leve a mal,
mas eu to mais preocupado
com a questão existêncial.

Feliz de cidade.

Eu estou doente hoje, quero estar doente pra sempre. Me dizem pra melhorar sem me perguntarem se quero desadoecer. Não! Mil vezes não!Quero adoecer, de tanto adoecre que perecer, e daí até a morte. Meu espírito não foi feito pra aguentar ser feliz, ah não, devo ser infeliz porque só sei ser isso e é isso que eu sou.
Nem quero ser feliz que julgo os felizes de alma pequena. Tão convencidos de que a vida é todo ouro até o momento em que algum cortez há de lhes confiscar todo. Não vão suportar viver sem suas mixarias e hão de matar-se. Eu não, eu nasci pra ser triste, hei de sê-lo até o fim dos meus dias em que serei feliz por seguir meu destino. Porque a trsiteza em mim é motivo pra me banhar de orgulho próprio e felicidade. Sou feliz porque sou triste, e além disso, já nada mais importa.

domingo, 22 de março de 2009

Brás ilha

Minha terra tem governos
onde canta o 171,
o resto é com vocês,
moro na capital do país.

domingo, 15 de março de 2009

1.
Era tempo de mudança, talvez tenha sido isso que me convenceu a olhar o mundo desse jeito que eu nunca olhei. Com perspectiva de futuro.
2.
Eu olho pra essas casas, esses apartamentos, e me pergunto se essas pessoas são felizes. O que é ser feliz? Não ter tempo pra ver os filhos mas ter dinheiro suficiente pra saber que ele vai poder ter um uma escola que vai dar um emprego parecido com o seu? Um que também não lhe dê muito tempo para ficar com o filho dele? Eu olho pra essas casas luxuosas e me pergunto se alguém merece ter que viver assim, coitados...

domingo, 8 de março de 2009

Por tudo

A distância sempre me têm sido o problema
quando estava perto, nunca estava lá
quando estava longe, queria estar

Nunca foi suficiente apenas que eu me fosse,
por isso tanto me atraía a idéia de viajar.
e por mais poeta que fosse,
sempre a vontade de inovar.

Você me disse que eu ja era,
que eu não seria de futuro comum.
E eu achei que estivesse me dizendo
que abandonasse a poesia.

Quanto mais vivo de poesia,
mais quero viver dela.
Quanto mais morro de amor,
mais quero viver dela.

E sem fim, assim de um mudo um tão distante
que fosse areia a pedra do meu sonho.
Em sonos tão macabros que à noite
me tem feito de fim de dia o início

sábado, 7 de março de 2009

Era pr'eu ser

Ah, era pr'eu ser do teu caminho
Sem vento nem espinho
ser parte do que lembrar
pra você não me desmembrar o coração

Era pr'eu ser aquele atalho ah, sim,
que se pega sem se saber, enfim
e o fim de efêmero teria tudo
eu só não sabia que seria assim

Era pr'eu ser seu peito
guardar teu peso aqui dentro de mim
era pr'eu ser perfeito
ser seu desejo de até o fim

era pr'eu ser teu pai,
irmão mais novo, e amor em todo o amor

Era pr'eu ser você
que quando fosse sofrer
eu ia por você

Rainha de canções

Lhe fiz rainha, eu rei
pra que me fosses minha e sempre, eu sei
que era mentira acreditar assim
que fosses ser minha comigo até o fim

mas lhe marquei aqui
entre meu coração de todo o amor
era sincero, e eu lhe tinha amor
sem saber onde eu ia me meter

Era você ali,
tenho certeza, eu lembro quando vi
eu sempre lembro muito mais de ti
quando te escrevo versos em canções

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

E ela estava lá.

1.
Pra começar, não tem começo, e provavelmente não vai ter final. Não há especulações nem versos em falsa prosa. Eu estou aqui, e ela está lá. Ela está longe de mim, sempre tão longe quanto não deveria. Eu estou vivendo a falta do amor dela, e ela está vivendo a vida que ela merece.
2.
Será que é ousadia minha pedir exclusividade quando nem estamos juntos? Você não me ama, não há dúvida. Eu poderia encontrar você, mas nunca viveríamos o melhor romance de todos sabendo que nem eu nem você estaríamos juntos no dia seguinte. Sabendo eu estarei aqui, e você estará lá, e o que o seu lá, será tão longe quanto a distância que sempre termos. Podemos nunca nos tocar nessa história de estar tão longe um do outro.
3.
Ela me deixa nostalgico, quase sempre. Meus versos são pra ela, minha prosa é só dela, e a poesia veio dela, mas ela ainda está lá, longe.
4.
E eu sempre sinto essa ganância de poder agarrar ela, de beijar sua boca, e seria como num filme. Não falaríamos nada, nos beijaríamos apenas. Não haveria dúvida de que nos desejávamos. Seria só nosso calor. Um beijo iria fazer valer à pena toda essa história de distância, todo esse papo de solidão, de nostalgia.
5.
Mas isso é tudo só um sonho mais que bobo, é claro que a minha alma poeta sempre tem que se pôr a divagar sobre essas coisas tão bobas como um romance que só pode acontecer em história da minha cabeça. Mas ao menos aconteceram em algum lugar não é verdade? A gente precisa querer antes não é? Bom, se for assim, o primeiro passo está dado, e agora só basta esperar, logo nos beijaremos.
6.
É inevitável a mim sonhar, e também me é inevitável negar o sonho, porque às vezes penso que não posso viver de sonhos, me arrasaria! Seria só aquele que sonha, e cujo sonho nunca acaba, por nunca se realizar e ser sempre apenas sonho. Nada mais.
7.
Eu me pergunto o que será de mim sem sonhos, e por uma noite não consigo dormir, e em seguida outras.
8.
Sonhei com você esses dias, mas você estava muito longe de mim. Talvez longe o suficiente pra não ser sonhada por sonhador qualquer. 
9.
Eu sonhei com você esses dias, talvez meu último sonho do meu último sono, agora eu quero você de qualquer jeito, daquele meu jeito bem egoísta de "me ame porra, afinal de contas eu te amo!". Eu tenho sentido saudade dessas coisas que nós nunca fizemos, e me perguntado sempre se faremos algum dia, nem que um dia distante, distante que nem você, mas um dia. Qualquer dia desses...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Longe

Ah, se assim fosse mas
ela está longe bem assim,
que será de mim?
que será de mim?

e se eu deixar o meu mundinho me levar?
e se eu deixar esse mundo pra lá?
e se eu de repente cansar de me queixar
e for a visitar?

Mas ela está longe,
ah, meu bem, você está longe
talvez eu desista de uma vida por você
e você nunca iria descobrir

Ela me avisou

Se ela me avisou,
ó deus, se sou mais que pensei
me disse que me sou, e eu?
então só me calei

me disse ela que eu sabia,
e eu não sabia de nada.

Se pra tanto estamos sozinhos,
me sabe e eu sei dela também.
Se estivesse junto dela
estaria assim, tão bom, de bem.

Ninguém que ficar por sí
se um é sempre pouco,
e nem dois tem sido o suficiente!
mas ninguém quer viver de solidão


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Poesia inspirada em Coca-Cola (I)

Meu coração não aguenta,
na minha casa ela mora,
fico imaginando ela bebendo
toda a minha coca-cola!

Poesia inspirada em Coca-Cola (II)

Ja não faço mais poesia,
nem frequento mais a escola
hoje em dia só bebo coca-cola

Poesia inspirada em Coca-Cola (III)

Bateram no meu carro,
e então foram embora,
fiquei muito irritado
e tomei um porre de coca-cola.

Poesia inspirada em Coca-Cola (IV)

Deixei mamãe e papai,
até fugi da escola,
hoje trabalho na fábrica da coca-cola.

Poesia inspirada em Coca-Cola (V)

Chamei minha namorada p'rum boteco
mas "Alcool, não rola"
fomos pra cama com dois copos de coca-cola

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ao que você deixou pra mim.

Que poesia de fato lhe demonstrará a morte
num corte, num forte alguém que ja não suportou.
E o fim de poesia cantada será queimada,
jogada, descartada e abandonada pelo poeta que lha escreveu.
E quem me dera fosse eu.

De poesia me fiz tanto que lhe pedia,
lhe tinha em mente e não parei disso nem um dia
mesmo que me fosse inovadora a vossa companhia,
era quase que melancólica, e ela se esquecia.

Sentido quase não mais me fazia,
e ela sempre me ouvia dizer que eu chorava,
mas não era nada, não era fada, nem bicho-papão
não era bicho da seda e nem monstro do armário,
não era soldado e muito menos partidário,
e eu não era calmo e me achava otário.

E eu se fosse você me faria companhia,
se eu fosse você, eu seria minha,
sempre ia me querer e  não ficar um minuto ao longe
e seríamos como amigos ou amantes.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

E amor?

O que me parte assim de desparate?
que quebra como do todo uma parte,
que queima e em fogo tudo arde,
que me põe no escuro e rente à morte?

Me agrada e só me põe ao desagrado,
me mata e mata a mim e ao mim calado.
Me joga só p'ra depois me buscar,
Que fez questão de me fazer dizê-lo amar?

E que quando me mordeu me fez de amor,
me conveceu a dar flores ao diabo,
e hoje já não sinto nem calor

Apenas um violino desafinado.
Que me adormece com uma canção tão feia,
de amor que de desencantos tanto me encanteia.


1.
Cada vez a vida sabe preparar uma cilada maior, ela me detonou hoje, a vida nunca consegue ser mole pra mim. A vida é tensa, essa é a questão. As pessoas não gostam das outras pessoas.
2.
Porque eu sempre confio nas pessoas o quanto eu acho que as pessoas estão confiando em mim, e eu sempre acho que todo mundo é bom. Detesto essa ingenuidade de menino do campo. E eu tenho falado mais do que deveria.
3.
Agora apanho por isso, e o fundo do poço só pode ser cada vez mais fundo, como que um buraco negro, e eu sou sugado por ele. Inevitavelmente a culpa é minha, por confiar de mais, por achar que as pessoas são boas, de me convencer tão fácil de que todas as pessoas são um melhor amigo em potencial.
4.
E isso explica tudo, até mesmo o fato de eu me apaixonar assim, tão facilmente por olhos verdes que nunca pude entender, por bocas vermelhas, por braços finos e rosto firme. Por mãos mais secas e vozes mais animadas, por bustos pequenos e barrigas magras, por tamanhos menores e por rosto mais dócil.
5.
Quem sabe dessa vez eu aprenda de uma vez por todas que eu não devo confiar nas pessoas, e pensando bem acabei de expôr a todos exatamente o que eu sinto, é, provavelmente não aprendi nada. Pobre camponês ingênuo...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fostes tu?

Em ser divina e graciosa,
pôdes me enganar.
Eu sei que fostes tão bondosa
ouvindo ao meu penar

Mas sei que ao belo devo pouco
e não vou confiar
nas mãos daquela que se pôs 
ao meu coração confiscar

Deixastes me só e a mim eu soube
que não mais creria em dores,
amores? aos que sei me esqueço e penso em nunca mais.
E sou de todo só, somente outro rapaz

A dor que me causastes saiba,
me foi plena.
E agora eu sento-me sozinho
em salas de cinema

Entendes? Me encontro nessa forca 
que é a falta de amor
ja não te amo mais
mas me falta calor

Na praça, velhos a jogar xadrez
e eu aqui cantarolando canções em inglês

Nas ruas, outros dirigindo
e carros a cantar peneus
em minha cabeça apenas as memórias
dos sonhos que não são meus.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

1.
Uma vontade súbita de mudança, porque alguma coisa tem muita necessidade de mudar. Alguma solidão, porque as pessoas te dão conforto, mas te trazem muito medo. Alguma diversão, senão a vida não vale.
2.
Hoje eu corri, corri feito um louco, e nem meus pulmões desacostumados com corridas me fizeram parar, hoje eu corri por toda a minha vida. Em primeiro lugar porque senti falta daqueles que estavam logo ao meu lado, em segundo, porque eu senti frio. Eu corri e vi a minha vida passando, talvez fosse um flash de algum filme mudo, talvez fosse uma tirinha de revista em quadrinhos. Eu corri.
3.
Quando não tive mais fôlego pra correr, eu caí. De joelhos, e pode apostar que foi uma cena bem ridícula. Um idiota correndo até ficar sem ar, depois caindo de joelhos, e chorando. A rua era deserta, e o chão ainda estava molhado (a calça também molhou, mas esse idiota só reparou bem depois). A luz de um poste conseguia iluminar um único corpo. Sem alma.
4.
Talvez tenha sido a coisa mais inteligente que pensei no momento, "Atropelamento". Rua vazia. Eu torcia para que algum dos carros me acertasse bem ali. BUM. Sem voltas, sem idas. Sem arrependimento. Sem dor, ah, sem dor...
5.
Perdi talvez todas as minhas últimas lágrimas naquele chão de asfalto molhado. Chorei até que sentisse que estava fazendo força para as lágrimas caírem. Chorei, até que os motivos tivessem se cansado, e chorar deixasse de significar alguma coisa. Seriam isso os machões? Pessoas que choraram tudo o que podiam até se cansarem de chorar e irem consertar o problema?
6.
Eu chorei por dois anos, e nesses dois anos, nada melhorou, ao contrário, a queda tem sido cada vez mais na minha frente. Olho para a logotipo da minha camiseta. Começa com "FO" da Ford, e depois vem em seguida, "DA-SE". Só podia ser isso. Foda-se? é, quem sabe, quero dizer, por tanto tempo eu tenho procurado a resposta pra tudo, e na verdade a solução para todos os meus problemas está numa estampa de produção independente. Numa camisa com "alguma coisa de punk."
7.
Eu mudei a minha vida toda, talvez essa fosse mesmo a hora de mudar. Eu passei por coisas que jamais veria alguém suportar passar por. Eu estou até vivo, e quem sabe isso não seja uma coisa boa? Ah, quer saber, foda-se, cadê o carro, que tanto demora? BUM.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Eu só queria te dizer, que... muito obrigado... porque eu quase nunca falo isso, mesmo que às vezes eu sinta tanta vontade de dizer. O fato é que eu queria agradecer, primeiro, por tudo o que vc ja fez por mim, por todas as vezes que eu precisei de conselho e vc tem sido mais do que uma grande irmã nesse sentido. Segundo, eu gostaria de dizer, que por causa disso, eu vou poder te apresentar furturamente, alguém que você vai gostar muito de conhecer, que é a pessoa que eu vou me tornar, e que você ajudou muito a criar essa pessoa, não me diga que não! Senão eu vou ficar furiososo! Porque você sabe que sim!!! Você pode não saber que se não fosse por você, eu não estaria nem podendo escrever nada disso, mas você sabe, que lá dentro, onde eu guardo cada um daqueles que eu nunca vou esquecer, e que você pode até dizer que são aqueles a quem eu amo (eu nunca diria, eu detesto dizer eu te amo, porque parece que as pessoas vão se sentir meio invadidas). Mas é isso, não pense que foi difícil escrever sobre você, porque não foi, escrever pra você me foi muito bom eu lhe digo. E eu gostaria de lhe dizer também, que é tarde demais pra vc desistir de estar do meu lado sempre que eu precisar de você, e ainda por cima, vou te dizer que é tarde demais para dizer que não quer a minha ajuda. Você ja tem tudo que eu poderia dar pra alguém, tem o coração e a minha mente. você agora, também faz parte de mim, e muito obrigado por isso.


PS: Não me chame de gay.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

No meio do caminho, tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
E pra variar, algum idiota apagou a luz...

domingo, 11 de janeiro de 2009

1.
Morte total, é assim que tudo começa não é? Hoje eu quis saber como é ouvir da boca dela "Você me faz feliz", ou "eu me sinto bem quando estou com você". Essas frases bregas me tocam, mais do que beijos ou bom sexo. Essas frases não têm significado nada pra mim nesse momento. O mundo caiu, bem embaixo dos meus pés.
2.
E se fosse, seria simplesmente isso? Tudo tão confuso, e eu ja não sei se falo portugês ou se estou apenas gesticulando frases sem sentido. Adrana calcanhotto sabe como eu me sinto, ela está aqui agora, me dizendo como você tem feito falta. Me lembrando que o tempo não vai mudar nada disso.
3.
A vida vira de cabeça pra baixo, será que ela está só te testando? Ou ela está mesmo é te sacaneando? Um pouco dos dois? Maldito maquinista. Maldito curso da vida, maldita luz apagada em minha vida. Alguém pode acender uma lâmpada por favor? Eu não vejo nada.
4.
E assim tem sido a minha vida, não fácil igual à os outros, minha vida tem sido porrada, tem sido a luz apagada e as pedras que haviam no meu caminho.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A caixa.

1.
Aqui nesse quarto a luz é fallha, apaga e acende a toda a hora. É incrível como todas as coisas tão grandes para nós são sempre coisas tão pequenas. Meu avô morreu, e o agente funerário disse: "aqui estão os pertences pessoais" enquanto me estendia uma caixa.
2.
E lá estava a caixa: Sua carteira, com documentos, cinqüenta reais que eu nunca gastaria. Três vale-transportes que jamais me levariam a qualquer lugar físico. Um isqueiro em vermelho-vinho. Uma carteira de Marlboro vermelho que jamais fumaria.
3.
A caixa era meu avô. A caixa, era tudo que ele representava. A caixa era a voz rouca, os dentes amarelos de tabaco e os cabelos brancos. A caixa era o Marlboro vermelho, era a fumaça forte. A caixa, também era o caixão do meu avô.
4.
Vou até a varanda com o Marlboro vermelho em uma das mãos. Na outra, o isqueiro vermelho-vinho.Pego um Marlboro vermelho (ele também vira o último cigarro). Não acendo, coloco de volta na caixa. Pego outro cigarro, um camel, pra lembrar da ex-namorada.
5.
Lá estou eu na varanda, morrendo aos poucos em mim. Lá estou eu esperando que o cigarro me faça ser metade do que meu avô foi. E então, medo. A caixa está na minha frente, e quem sabe a vida seja isso. Viver. Fumar. E a caixa...
6.
Seu neto não irá fumar seus cigarros, nem gastar seus cinqüenta reais, e nem usar a sua identidade para comprar bebidas (e como vocês eram parecidos). Seu neto apenas caminhará até a praia, com você nas mãos. A caixa. Irá jogá-lo no mar. A caixa. E quem sabe tudo não seja muito mais do que o mar. Ah, o mar...

Apartamento velho

1.
As coisas mudaram. Você só percebe isso quando adentra o antigo apartamento de sua avó e lembra. Como as tomadas são as mesmas, a mesma parede branca, a mesma luminária da sala. Os móveis não estão lá, nem sua avó, mas lá está você, preso naquele passado que outrora lhe foi tão bom.
2.
A mesma varanda te lembra da sua primeira tentativa de pular de um prédio. Malsucedida, você era muito novo pra ter coragem de se matar, mas meio caminho ja tinha sido andado, e você se vê do lado de fora, segurando a barra da varanda. Você sente o vento batendo. Mas você não cái, você volta. Não tem ninguém ali pra lhe dizer que "não faça isso".
3.
A rede também não está lá. Agora sua avó lhe sacode enquanto você está na rede, você vê as gargalhadas, mas não as ouve, será que algo lhe tapou os ouvido? 
4.
O tempo tem sido uma grande icóginta esse tempo todo, você não viu nada disso acontecer! Nunca me perguntaram se podiam construir aquele prédio que agora me faz deixar de ver a praia. Nunca me avisaram que as melacias não cresceriam mais naquele terreno baldio, ou que duas louras muito belas estariam sendo suas novas vizinhas. Tudo tão diferente. Tão icógnito e apercebível.
5.
E lá estava eu, usando shorts  pequenos, usando camisetas pequenas, e de repente a sala se enche de móveis, dá tempo de ouvir minha avó cosinhando alguma coisa na cozinha apertada de frente à porta de entrada, mas ela não diz nada. Lá está você pequeno. Pequeno demais para saber que a vida vai ser muito mais cruel do que sempre foi. Pra te dar mais motivos pra se matar do que uma figurinha de álbum de coleção. Lá está você, pequeno demais pra saber fumar ou mesmo acender um cigarro e lá está você, grande demais para chorar pela falta da melancia, ou dos móveis... e você chora, pela falta da avó e da rede, e de tudo mais que isso representa.
6.
Tom jobim não soube o que me dizer nessa hora, não estava em ipanema, não havia garota de ipanema. Havia uma sala, a mesma sala que ja foi sua. Sem os móveis, branca. Seu primeiro suicídio. Mesmo que eu não tenha morrido naquele dia, algo de mim morreu naquela casa.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

1.
Por um momento me perguntei como seria se por acaso as coisas fossem diferentes. Porque as coisas eram, e muito diferentes, antes o sucesso era sucesso e a perda era perda. As coisas faziam mais sentido e tudo era bem mais fácil de entender.
2.
Mas agora, tudo que acontece deixa de ser ruim ou bom, quando é ruim, é "e o que faço agora?", quando é bom, o mesmo. As coisas simplesmente não precisavam de uma explicação própria, e podia-se levar a vida numa boa simplesmente achando que vivia-se de felicidades ou infelicidades.
3.
A vida é uma montanha russa. Se você sobe, você vai descer, e se você desce, você vai subir, até o momento da queda constante a o desligamento total da máquina pelo maquinista frio e calculista que eu gosto de chamar de deus.
4.
Antes rosas eram rosas, e eu sempre preferia as rosas. Hoje as rosas são azuis, e as tulipas são de um vermelho que não consigo identificar, mas que se parece muito com vinho... Hoje, os dias de sol são mais nublados do que os dias tempestuosos de uma chuva pesada. Hoje, nada é só rosas, nada é só tulipas.
5.
Meu maior medo era acordar e ver que de repente tudo mudou, mas por um lado eu sempre quis isso, amadurecer, ser mais aqueles que nós sempre pudemos admirar por tomar a decisão correta, ou simplesmente por parecerem do jeito que nós queriamos parecer. Hoje eu sou isso, hoje eu tomo a decisão certa, e eu me pareço exatamente como eu queria ser, mas assim como mais um inútil conquista, eu me perco sem sentido me perguntando "e agora?".
6.
Eu não sei.
7.
Me lembro de estar andando pela W3, ao lado da pista, parte norte de brasília, e perceber como tudo mudou, onde antes era sul, agora é norte, onde antes eram rosas, bom... seriam tulipas?
8.
O vinho, ah o vinho, a tulipa cor de vinho e liquido em meu copo, ambos simplesmente não fazem sentido na minha cabeça, seriam algum plando divino para acabar com a minha sanidade? Pode ser que seja aqueda final e finalmente o desligamento dessa máquina cheia de surpresas que tem sido a vida pra mim.
9.
Ajudo a menininha menor a subir, no carro e percebo quão idiota tenho sido por todo esse tempo. Ou por deixar a vida ser tão imprevisível, ou por simplesmente ter ajudado uma pequena a subir naquela máquina tão cruel.
10.
Quando a máquina desligar, ela ja não vai ter mais seus belos cabelos louros, não terá seu pai ao lado, não terá mais o pirulito em sua mão, não vai mais chorar com as impresivibilidades das subidas e descidas. Quando a máquina desligar, e for a vez de outro, ela vai ter cabelos brancos,, vai ser cheia de certezas tão incertas sobre tantas coisas... vai ter uma mão vazia, ou uma menina nas mãos. Quando a música parar, e quando os convidados forem embora, tudo será vazio, como sempre é no fim de tudo.
11.
E no salão restam apenas duas pessoas, Eu e Ela. Eu, pensando que talvez tenha asorte que não pude ter durante a festa, durante o tempo em que todos estavam lá, vivendo. Mas é tarde e a luz se apaga. Procuro teteando por toda a sala, mas ela é enorme. Medo. Medo do escuro, como na hora que eu subi no carro inconstante controlado pelo maquinista cruel.
12.
A vida não é como uma montanha russa. Ninguém é capaz de destruir uma vida assim com tanta crueldade, ninguém e capaz, mesmo aos pedidos de todos, de apagar a luz, enquanto o último casal se encontra no salão.
13.
É isso o que costuma acontecer quando se fica velho, quando você se torna aquilo que você deveria ser. Começa a se encher de incertezas tão certas sobre tantas coisas, como o fato de sua vida se parecer com um filme. Mas não, a vida é uma montanha russa, e o ultimo a cruzar a porta apagou a luz.

domingo, 4 de janeiro de 2009

1.
 É dificil falar sobre a vida, principalmente do ponto de vista que eu estou agora, porque quando se está no fundo do poço, você só vê esperança, só céu, e é tudo que você tem, sonhos! Eu tenho sonhado como jamais havia o feito antes, e sei que é impossível que ao menos um terço das baboseiras que eu sonho se realizem, tipo a casa que eu quero, ou o amor que eu quero, porque tudo é passageiro...
2.
Daqui de onde eu estou eu consigo ver a praia e a vida de ningué é como um filme, quero dizer, por mais que você (esse sou eu) queira que sua vida se pareça com a de um filme, seja de romance com as namoradas, de junkies com seus amigos e de comédia com a sua família, não é assim que as coisas funcionam...
3.
Agora deve ser duas e pouco da manhã, e eu ainda vejo a praia, não que tenha lua, na verdade está chovendo e eu consigo sentir em mim as gotas batendo a janela do quartinho que escrevo esse monte de bosta. Na vida real não tem slowmotion com o Golden correndo, um belo pôr-do-sol se fazendo e enquanto isso você beija o amor da sua vida.
4.
Porque na verdade o amor da sua vida não está lá, aquela é só uma alguém, só mais uma, como todas as outras que virão, e você está apaixonado por elas, como sempre se apaixona por qualquer uma que lhe diga alguma coisa bonita, que te mostre alguma coisa diferente. Qualquer lágrima derramada por qualquer uma delas fez você derreter... você se lembra?
5.
Não tenho sono, tenho vontade de acordar agora, na verdade, porque consigo sentir que nunca estive realmente acordado para o que estava vindo, nunca estive 100% pronto, nunca tive os olhos muito abertos. Eu só consigo abrir os olhos pra elas, ruínas da minha vida: meninas. Se cada uma delas é tão boa quanto as outras, nenhuma é igual.
6.
Porque na primeira não tinha nada, só a sua ilusão, só o seu desejo, na segunda? as lágrimas te convenceram, eu estou esperando pela terceira, que eu sei que vai ter. Só um idiota se apaixona por 3 garotas diferentes, e você é um deles...