- Oi, você está aí? Ela me pergunta.
Pergunta a mim, eu que desejei por toda a vida saber a resposta.
- Porque você não me responde?
Que pressa é essa? ah, que pressa? o mundo não vai acabar amanhã, o mundo é nosso e o tempo do mundo só conspira, nós dois flutuamos nessa bolha do tempo, como se pra gente, ele não passasse. Nós dois, a bolha, e o tempo. Que tempo? Alguém ja entendeu pra poder dar nome a isso que passa, que eu não sinto, não cheiro, mas que choro todos os dias?
- Eu te amo.
Quem sabe um dia eu inda tenha dela, minha, essas palavras.
De mágoa de morto, de ferido, tive arrancada do peito aquilo que chamei de liberdade, a liberdade que eu já toquei um dia, que eu sinto o cheiro quando vou embora. Eu sei que o tempo existe porque já senti, em outro tempo, o cheiro da liberdade, o toque da liberdade, a liberdade, liberdade, ah, liberdade...
- Você está aí?
E eu queria saber. E eu estava? Não estava. Quando morreu a liberdade, morreu tudo. Quando morreu a liberdade, morri todo. E se me morre a liberdade,me morre o tempo, e eu já nem sei onde estou.
- E o nosso tempo,inda virá? Ela pergunta (ou eu acho que ela me pergunta?)
Virá, prometo, com meus beijos, com seus beijos. Beijos.