Se a treva ao longe (meu redor) te achasse
ias compreender qmeu desejo de morrer,
pegar-ia a faca e ia estirpar-se.
Ah, se tu soubesses como dói viver!
(Viver também é ter a dor do que não há vivido).
Sentir-se ia desfalecer
e ver-ia que, também, só viver, ja é perigo.
Mas só me vês e não me entendes!
Como me dói a dor de só viver!
Não julgo por aquilo que não sentes,
mas cala-te e observa ao meu morrer.
Me calo, mudo, caio num caixão
da já madeira alva que pedi.
Buraco fundo, caio mão em mão.
E sei que já não mais vivo, eu já morri.
Imploro assim que nem jamais me entenda,
que tudo que sei, já tanto me fez sofrer.
E eu fui feliz pra cova feliz que tu vivêsses
e não que, tal qual eu, soubesse como dói viver.