terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fostes tu?

Em ser divina e graciosa,
pôdes me enganar.
Eu sei que fostes tão bondosa
ouvindo ao meu penar

Mas sei que ao belo devo pouco
e não vou confiar
nas mãos daquela que se pôs 
ao meu coração confiscar

Deixastes me só e a mim eu soube
que não mais creria em dores,
amores? aos que sei me esqueço e penso em nunca mais.
E sou de todo só, somente outro rapaz

A dor que me causastes saiba,
me foi plena.
E agora eu sento-me sozinho
em salas de cinema

Entendes? Me encontro nessa forca 
que é a falta de amor
ja não te amo mais
mas me falta calor

Na praça, velhos a jogar xadrez
e eu aqui cantarolando canções em inglês

Nas ruas, outros dirigindo
e carros a cantar peneus
em minha cabeça apenas as memórias
dos sonhos que não são meus.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

1.
Uma vontade súbita de mudança, porque alguma coisa tem muita necessidade de mudar. Alguma solidão, porque as pessoas te dão conforto, mas te trazem muito medo. Alguma diversão, senão a vida não vale.
2.
Hoje eu corri, corri feito um louco, e nem meus pulmões desacostumados com corridas me fizeram parar, hoje eu corri por toda a minha vida. Em primeiro lugar porque senti falta daqueles que estavam logo ao meu lado, em segundo, porque eu senti frio. Eu corri e vi a minha vida passando, talvez fosse um flash de algum filme mudo, talvez fosse uma tirinha de revista em quadrinhos. Eu corri.
3.
Quando não tive mais fôlego pra correr, eu caí. De joelhos, e pode apostar que foi uma cena bem ridícula. Um idiota correndo até ficar sem ar, depois caindo de joelhos, e chorando. A rua era deserta, e o chão ainda estava molhado (a calça também molhou, mas esse idiota só reparou bem depois). A luz de um poste conseguia iluminar um único corpo. Sem alma.
4.
Talvez tenha sido a coisa mais inteligente que pensei no momento, "Atropelamento". Rua vazia. Eu torcia para que algum dos carros me acertasse bem ali. BUM. Sem voltas, sem idas. Sem arrependimento. Sem dor, ah, sem dor...
5.
Perdi talvez todas as minhas últimas lágrimas naquele chão de asfalto molhado. Chorei até que sentisse que estava fazendo força para as lágrimas caírem. Chorei, até que os motivos tivessem se cansado, e chorar deixasse de significar alguma coisa. Seriam isso os machões? Pessoas que choraram tudo o que podiam até se cansarem de chorar e irem consertar o problema?
6.
Eu chorei por dois anos, e nesses dois anos, nada melhorou, ao contrário, a queda tem sido cada vez mais na minha frente. Olho para a logotipo da minha camiseta. Começa com "FO" da Ford, e depois vem em seguida, "DA-SE". Só podia ser isso. Foda-se? é, quem sabe, quero dizer, por tanto tempo eu tenho procurado a resposta pra tudo, e na verdade a solução para todos os meus problemas está numa estampa de produção independente. Numa camisa com "alguma coisa de punk."
7.
Eu mudei a minha vida toda, talvez essa fosse mesmo a hora de mudar. Eu passei por coisas que jamais veria alguém suportar passar por. Eu estou até vivo, e quem sabe isso não seja uma coisa boa? Ah, quer saber, foda-se, cadê o carro, que tanto demora? BUM.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Eu só queria te dizer, que... muito obrigado... porque eu quase nunca falo isso, mesmo que às vezes eu sinta tanta vontade de dizer. O fato é que eu queria agradecer, primeiro, por tudo o que vc ja fez por mim, por todas as vezes que eu precisei de conselho e vc tem sido mais do que uma grande irmã nesse sentido. Segundo, eu gostaria de dizer, que por causa disso, eu vou poder te apresentar furturamente, alguém que você vai gostar muito de conhecer, que é a pessoa que eu vou me tornar, e que você ajudou muito a criar essa pessoa, não me diga que não! Senão eu vou ficar furiososo! Porque você sabe que sim!!! Você pode não saber que se não fosse por você, eu não estaria nem podendo escrever nada disso, mas você sabe, que lá dentro, onde eu guardo cada um daqueles que eu nunca vou esquecer, e que você pode até dizer que são aqueles a quem eu amo (eu nunca diria, eu detesto dizer eu te amo, porque parece que as pessoas vão se sentir meio invadidas). Mas é isso, não pense que foi difícil escrever sobre você, porque não foi, escrever pra você me foi muito bom eu lhe digo. E eu gostaria de lhe dizer também, que é tarde demais pra vc desistir de estar do meu lado sempre que eu precisar de você, e ainda por cima, vou te dizer que é tarde demais para dizer que não quer a minha ajuda. Você ja tem tudo que eu poderia dar pra alguém, tem o coração e a minha mente. você agora, também faz parte de mim, e muito obrigado por isso.


PS: Não me chame de gay.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

No meio do caminho, tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
E pra variar, algum idiota apagou a luz...

domingo, 11 de janeiro de 2009

1.
Morte total, é assim que tudo começa não é? Hoje eu quis saber como é ouvir da boca dela "Você me faz feliz", ou "eu me sinto bem quando estou com você". Essas frases bregas me tocam, mais do que beijos ou bom sexo. Essas frases não têm significado nada pra mim nesse momento. O mundo caiu, bem embaixo dos meus pés.
2.
E se fosse, seria simplesmente isso? Tudo tão confuso, e eu ja não sei se falo portugês ou se estou apenas gesticulando frases sem sentido. Adrana calcanhotto sabe como eu me sinto, ela está aqui agora, me dizendo como você tem feito falta. Me lembrando que o tempo não vai mudar nada disso.
3.
A vida vira de cabeça pra baixo, será que ela está só te testando? Ou ela está mesmo é te sacaneando? Um pouco dos dois? Maldito maquinista. Maldito curso da vida, maldita luz apagada em minha vida. Alguém pode acender uma lâmpada por favor? Eu não vejo nada.
4.
E assim tem sido a minha vida, não fácil igual à os outros, minha vida tem sido porrada, tem sido a luz apagada e as pedras que haviam no meu caminho.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A caixa.

1.
Aqui nesse quarto a luz é fallha, apaga e acende a toda a hora. É incrível como todas as coisas tão grandes para nós são sempre coisas tão pequenas. Meu avô morreu, e o agente funerário disse: "aqui estão os pertences pessoais" enquanto me estendia uma caixa.
2.
E lá estava a caixa: Sua carteira, com documentos, cinqüenta reais que eu nunca gastaria. Três vale-transportes que jamais me levariam a qualquer lugar físico. Um isqueiro em vermelho-vinho. Uma carteira de Marlboro vermelho que jamais fumaria.
3.
A caixa era meu avô. A caixa, era tudo que ele representava. A caixa era a voz rouca, os dentes amarelos de tabaco e os cabelos brancos. A caixa era o Marlboro vermelho, era a fumaça forte. A caixa, também era o caixão do meu avô.
4.
Vou até a varanda com o Marlboro vermelho em uma das mãos. Na outra, o isqueiro vermelho-vinho.Pego um Marlboro vermelho (ele também vira o último cigarro). Não acendo, coloco de volta na caixa. Pego outro cigarro, um camel, pra lembrar da ex-namorada.
5.
Lá estou eu na varanda, morrendo aos poucos em mim. Lá estou eu esperando que o cigarro me faça ser metade do que meu avô foi. E então, medo. A caixa está na minha frente, e quem sabe a vida seja isso. Viver. Fumar. E a caixa...
6.
Seu neto não irá fumar seus cigarros, nem gastar seus cinqüenta reais, e nem usar a sua identidade para comprar bebidas (e como vocês eram parecidos). Seu neto apenas caminhará até a praia, com você nas mãos. A caixa. Irá jogá-lo no mar. A caixa. E quem sabe tudo não seja muito mais do que o mar. Ah, o mar...

Apartamento velho

1.
As coisas mudaram. Você só percebe isso quando adentra o antigo apartamento de sua avó e lembra. Como as tomadas são as mesmas, a mesma parede branca, a mesma luminária da sala. Os móveis não estão lá, nem sua avó, mas lá está você, preso naquele passado que outrora lhe foi tão bom.
2.
A mesma varanda te lembra da sua primeira tentativa de pular de um prédio. Malsucedida, você era muito novo pra ter coragem de se matar, mas meio caminho ja tinha sido andado, e você se vê do lado de fora, segurando a barra da varanda. Você sente o vento batendo. Mas você não cái, você volta. Não tem ninguém ali pra lhe dizer que "não faça isso".
3.
A rede também não está lá. Agora sua avó lhe sacode enquanto você está na rede, você vê as gargalhadas, mas não as ouve, será que algo lhe tapou os ouvido? 
4.
O tempo tem sido uma grande icóginta esse tempo todo, você não viu nada disso acontecer! Nunca me perguntaram se podiam construir aquele prédio que agora me faz deixar de ver a praia. Nunca me avisaram que as melacias não cresceriam mais naquele terreno baldio, ou que duas louras muito belas estariam sendo suas novas vizinhas. Tudo tão diferente. Tão icógnito e apercebível.
5.
E lá estava eu, usando shorts  pequenos, usando camisetas pequenas, e de repente a sala se enche de móveis, dá tempo de ouvir minha avó cosinhando alguma coisa na cozinha apertada de frente à porta de entrada, mas ela não diz nada. Lá está você pequeno. Pequeno demais para saber que a vida vai ser muito mais cruel do que sempre foi. Pra te dar mais motivos pra se matar do que uma figurinha de álbum de coleção. Lá está você, pequeno demais pra saber fumar ou mesmo acender um cigarro e lá está você, grande demais para chorar pela falta da melancia, ou dos móveis... e você chora, pela falta da avó e da rede, e de tudo mais que isso representa.
6.
Tom jobim não soube o que me dizer nessa hora, não estava em ipanema, não havia garota de ipanema. Havia uma sala, a mesma sala que ja foi sua. Sem os móveis, branca. Seu primeiro suicídio. Mesmo que eu não tenha morrido naquele dia, algo de mim morreu naquela casa.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

1.
Por um momento me perguntei como seria se por acaso as coisas fossem diferentes. Porque as coisas eram, e muito diferentes, antes o sucesso era sucesso e a perda era perda. As coisas faziam mais sentido e tudo era bem mais fácil de entender.
2.
Mas agora, tudo que acontece deixa de ser ruim ou bom, quando é ruim, é "e o que faço agora?", quando é bom, o mesmo. As coisas simplesmente não precisavam de uma explicação própria, e podia-se levar a vida numa boa simplesmente achando que vivia-se de felicidades ou infelicidades.
3.
A vida é uma montanha russa. Se você sobe, você vai descer, e se você desce, você vai subir, até o momento da queda constante a o desligamento total da máquina pelo maquinista frio e calculista que eu gosto de chamar de deus.
4.
Antes rosas eram rosas, e eu sempre preferia as rosas. Hoje as rosas são azuis, e as tulipas são de um vermelho que não consigo identificar, mas que se parece muito com vinho... Hoje, os dias de sol são mais nublados do que os dias tempestuosos de uma chuva pesada. Hoje, nada é só rosas, nada é só tulipas.
5.
Meu maior medo era acordar e ver que de repente tudo mudou, mas por um lado eu sempre quis isso, amadurecer, ser mais aqueles que nós sempre pudemos admirar por tomar a decisão correta, ou simplesmente por parecerem do jeito que nós queriamos parecer. Hoje eu sou isso, hoje eu tomo a decisão certa, e eu me pareço exatamente como eu queria ser, mas assim como mais um inútil conquista, eu me perco sem sentido me perguntando "e agora?".
6.
Eu não sei.
7.
Me lembro de estar andando pela W3, ao lado da pista, parte norte de brasília, e perceber como tudo mudou, onde antes era sul, agora é norte, onde antes eram rosas, bom... seriam tulipas?
8.
O vinho, ah o vinho, a tulipa cor de vinho e liquido em meu copo, ambos simplesmente não fazem sentido na minha cabeça, seriam algum plando divino para acabar com a minha sanidade? Pode ser que seja aqueda final e finalmente o desligamento dessa máquina cheia de surpresas que tem sido a vida pra mim.
9.
Ajudo a menininha menor a subir, no carro e percebo quão idiota tenho sido por todo esse tempo. Ou por deixar a vida ser tão imprevisível, ou por simplesmente ter ajudado uma pequena a subir naquela máquina tão cruel.
10.
Quando a máquina desligar, ela ja não vai ter mais seus belos cabelos louros, não terá seu pai ao lado, não terá mais o pirulito em sua mão, não vai mais chorar com as impresivibilidades das subidas e descidas. Quando a máquina desligar, e for a vez de outro, ela vai ter cabelos brancos,, vai ser cheia de certezas tão incertas sobre tantas coisas... vai ter uma mão vazia, ou uma menina nas mãos. Quando a música parar, e quando os convidados forem embora, tudo será vazio, como sempre é no fim de tudo.
11.
E no salão restam apenas duas pessoas, Eu e Ela. Eu, pensando que talvez tenha asorte que não pude ter durante a festa, durante o tempo em que todos estavam lá, vivendo. Mas é tarde e a luz se apaga. Procuro teteando por toda a sala, mas ela é enorme. Medo. Medo do escuro, como na hora que eu subi no carro inconstante controlado pelo maquinista cruel.
12.
A vida não é como uma montanha russa. Ninguém é capaz de destruir uma vida assim com tanta crueldade, ninguém e capaz, mesmo aos pedidos de todos, de apagar a luz, enquanto o último casal se encontra no salão.
13.
É isso o que costuma acontecer quando se fica velho, quando você se torna aquilo que você deveria ser. Começa a se encher de incertezas tão certas sobre tantas coisas, como o fato de sua vida se parecer com um filme. Mas não, a vida é uma montanha russa, e o ultimo a cruzar a porta apagou a luz.

domingo, 4 de janeiro de 2009

1.
 É dificil falar sobre a vida, principalmente do ponto de vista que eu estou agora, porque quando se está no fundo do poço, você só vê esperança, só céu, e é tudo que você tem, sonhos! Eu tenho sonhado como jamais havia o feito antes, e sei que é impossível que ao menos um terço das baboseiras que eu sonho se realizem, tipo a casa que eu quero, ou o amor que eu quero, porque tudo é passageiro...
2.
Daqui de onde eu estou eu consigo ver a praia e a vida de ningué é como um filme, quero dizer, por mais que você (esse sou eu) queira que sua vida se pareça com a de um filme, seja de romance com as namoradas, de junkies com seus amigos e de comédia com a sua família, não é assim que as coisas funcionam...
3.
Agora deve ser duas e pouco da manhã, e eu ainda vejo a praia, não que tenha lua, na verdade está chovendo e eu consigo sentir em mim as gotas batendo a janela do quartinho que escrevo esse monte de bosta. Na vida real não tem slowmotion com o Golden correndo, um belo pôr-do-sol se fazendo e enquanto isso você beija o amor da sua vida.
4.
Porque na verdade o amor da sua vida não está lá, aquela é só uma alguém, só mais uma, como todas as outras que virão, e você está apaixonado por elas, como sempre se apaixona por qualquer uma que lhe diga alguma coisa bonita, que te mostre alguma coisa diferente. Qualquer lágrima derramada por qualquer uma delas fez você derreter... você se lembra?
5.
Não tenho sono, tenho vontade de acordar agora, na verdade, porque consigo sentir que nunca estive realmente acordado para o que estava vindo, nunca estive 100% pronto, nunca tive os olhos muito abertos. Eu só consigo abrir os olhos pra elas, ruínas da minha vida: meninas. Se cada uma delas é tão boa quanto as outras, nenhuma é igual.
6.
Porque na primeira não tinha nada, só a sua ilusão, só o seu desejo, na segunda? as lágrimas te convenceram, eu estou esperando pela terceira, que eu sei que vai ter. Só um idiota se apaixona por 3 garotas diferentes, e você é um deles...